Você certamente já ouviu ou mesmo já falou “ah, fulano é bipolar”; “fulano tem bipolaridade”. Mas você sabe realmente o que é Transtorno Bipolar?
Transtorno Bipolar é caracterizado como um transtorno de humor de grave repercussão na saúde do indivíduo e das pessoas próximas, podendo, em certos casos, colocar em risco a integridade física e até a vida deles.
Vem comigo que vamos entender tudo sobre o Transtorno de Humor Bipolar (TB): Tipos, sintomas, diagnóstico e tratamento.
Principais Sintomas (Critérios Diagnósticos) segundo o DSM-5-TR:
O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada por mudanças extremas de humor, que vão desde episódios de depressão até episódios de mania ou hipomania. Sendo o TB divido em tipo I e o tipo II a principal diferença encontrada é que o tipo I a pessoa apresenta episódios completos de mania, podendo apresentar também hipomania e, em outro momento, depressão já no tipo II o episódio de mania está ausente, mas permanece os demais.
Um ponto a se ter atenção é que no transtorno bipolar tipo II, os episódios depressivos podem ser mais frequentes e prolongados do que os episódios de hipomania.
MANIA E HIPOMANIA
Os episódios de mania e hipomania são períodos de humor elevado, expansivo ou irritável, juntamente com sintomas como aumento da energia, diminuição da necessidade de sono, alegria exacerbada, elação, sentimento de grandiosidade, irritabilidade marcante, pensamento acelerado, impulsividade e comportamentos de risco.
O episódio de mania é mais intenso que o da hipomania e pode requerer a internação hospitalar para intervenção medicamentosa. A hipomania é caracterizada por sintomas semelhantes à mania, porém menos intensos. Por exemplo, o paciente pode sentir-se mais produtivo e otimista, mas sem chegar ao ponto de comportamento impulsivo ou descontrolado observado na mania completa. Na maioria das vezes não há procura de intervenção dos serviços médicos na hipomania.
Alguns dos possíveis comportamentos presentes na mania e, com menor intensidade, na hipomania são:
Comportamento sexual inadequado: o paciente é capaz de entrar em aventuras sexuais com desconhecidos sem se preocupar com os graves riscos à saúde.
Comportamento Expansivo: No comportamento expansivo, a pessoa perde a noção de espaço intimo e tende a invadir a intimidade de pessoas com quem não tem laços suficientes. Excesso de contato físico, comentários inadequados e exibicionismo podem ser visualizados.
Comportamento Impulsivo e irritável: é comum em episódio de mania e hipomania é comum a pessoa agir sem pensar. Nesse estado, comportamentos de gastos compulsivos, envolvimento em brigas e até prática de atos ilícitos como roubos e furtos podem estar presentes.
EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR
Além dos episódios de mania e hipomania, os pacientes com transtorno bipolar também podem experimentar episódios de depressão, que são caracterizados por sentimentos de tristeza, falta de energia, alterações de sono e apetite, dificuldade de concentração, entre outros.
O episódio depressivo maior é uma parte significativa do transtorno bipolar, tanto do tipo I quanto do tipo II. Algumas características e sintomas típicos de um episódio depressivo maior no contexto do transtorno bipolar:
- Humor deprimido: Um sentimento persistente de tristeza, desesperança ou vazio, que pode ser acompanhado por choros frequentes.
- Perda de interesse ou prazer: Diminuição ou perda completa do interesse em atividades que normalmente seriam prazerosas, incluindo hobbies, interações sociais e relacionamentos.
- Mudanças no apetite e peso: Pode haver aumento ou diminuição do apetite, levando a ganho ou perda significativa de peso.
- Distúrbios do sono: Insônia, dificuldade em adormecer ou manter o sono, ou, em alguns casos, excesso de sono (hipersonia).
- Fadiga ou perda de energia: Sentimentos de cansaço extremo, mesmo após períodos de descanso adequado, e uma diminuição geral na energia e na motivação.
- Agitação ou retardo psicomotor: Alguns indivíduos podem experimentar agitação, inquietação ou irritabilidade constante, enquanto outros podem experimentar um atraso significativo nas funções motoras e cognitivas.
- Sentimentos de culpa ou inutilidade: Autoacusação excessiva, sentimentos de inutilidade ou baixa autoestima, muitas vezes sem uma base lógica.
- Dificuldade de concentração: Dificuldade em se concentrar, lembrar detalhes ou tomar decisões, resultando em um desempenho significativamente prejudicado nas atividades diárias.
- Pensamentos suicidas: Pensamentos recorrentes sobre morte, suicídio ou autodano, bem como planos ou tentativas de suicídio. No transtorno bipolar, o risco de suicídio aumenta consideravelmente quando há comorbidade com alguns tipos de transtornos de personalidade e uso de substâncias.
É importante observar que os episódios depressivos maiores no transtorno bipolar podem variar em intensidade e duração. Além disso, eles podem ocorrer alternadamente com episódios de mania, hipomania ou períodos de humor estável.
Quais os riscos e restrições do TB
O Transtorno Bipolar, por ser um transtorno de humor que apresenta oscilações comportamentais e impulsividade, que mesmo devidamente tratado não é possível garantir a estabilização de seus padrões comportamentais, não é recomendado ao portador a prática de atividades com instrumentos que possam apresentar perigo a ele ou a terceiros.
O uso de arma de fogo e o ingresso em profissões que tenham esse tipo de instrumento como parte do material de trabalho não é, usualmente, recomendado, sendo que a maioria dos concursos públicos das carreiras polícias apresentam essa restrição.
Cabe ressaltar que atividades que exigem estabilidade emocional, trabalhos sob pressão e mudanças de turno podem ser um desafio aos portadores de TB.
Causas do Transtorno de Humor Bipolar (TB)
O transtorno bipolar é uma condição complexa e multifacetada, cujas causas exatas ainda não são completamente compreendidas. No entanto, há uma combinação de fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais que parecem desempenhar um papel no desenvolvimento dessa condição.
Em termos genéticos, há evidências que sugerem uma predisposição genética para o transtorno bipolar. Estudos com gêmeos e familiares de pessoas com transtorno bipolar mostraram uma maior incidência da condição em parentes de primeiro grau, o que sugere uma contribuição hereditária significativa.
Além disso, fatores neurobiológicos também desempenham um papel importante. Anormalidades nos neurotransmissores, como dopamina, serotonina e noradrenalina, têm sido implicadas no transtorno bipolar. Mudanças na estrutura e função cerebral, especialmente em áreas associadas ao processamento emocional e ao controle do humor, também foram observadas em pessoas com a condição.
No entanto, o ambiente também desempenha um papel importante no desenvolvimento do transtorno bipolar. Eventos estressantes da vida, como trauma, perda, abuso ou eventos significativos de vida, podem desencadear ou precipitar episódios de humor em pessoas geneticamente predispostas ao transtorno bipolar. Além disso, o uso de substâncias psicoativas, como álcool ou drogas, também pode desencadear ou exacerbar os sintomas do transtorno bipolar em algumas pessoas.
Como é feito o diagnóstico e tratamento do Transtorno Bipolar
O tratamento do transtorno bipolar é uma jornada complexa e multidisciplinar, adaptada individualmente para cada pessoa. Começa com uma avaliação minuciosa feita por um profissional de saúde mental, que visa não só confirmar o diagnóstico, mas também entender a gravidade dos sintomas e quaisquer condições médicas ou psiquiátricas adicionais que possam influenciar o tratamento.
Uma vez estabelecido o diagnóstico, o tratamento geralmente envolve uma combinação de medicamentos e terapia. Os medicamentos estabilizadores de humor são frequentemente prescritos como uma pedra angular do tratamento, ajudando a controlar os altos e baixos do humor. Estes podem incluir substâncias como lítio, valproato, carbamazepina ou lamotrigina. Para casos mais graves ou durante episódios de mania, antipsicóticos atípicos também podem ser utilizados para estabilizar os sintomas.
A terapia desempenha um papel fundamental no tratamento, ajudando os pacientes a entender seus padrões de pensamento e comportamento, aprender habilidades de enfrentamento e melhorar seus relacionamentos interpessoais. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), a terapia interpessoal e a terapia familiar são frequentemente empregadas para este fim.
Além disso, o tratamento do transtorno bipolar envolve um componente significativo de educação e apoio. Educar os pacientes e seus familiares sobre a condição é essencial para reduzir o estigma associado à doença, melhorar a adesão ao tratamento e capacitar os indivíduos a reconhecerem os sinais de alerta e lidarem com os sintomas de forma eficaz.
O autogerenciamento também é uma parte crucial do tratamento, com os pacientes sendo incentivados a desenvolver um plano pessoal que inclua estratégias para lidar com o estresse, manter um estilo de vida saudável e reconhecer os sinais precoces de recaída.
Além disso, o apoio social desempenha um papel fundamental no tratamento, com grupos de apoio, atividades comunitárias e relacionamentos interpessoais saudáveis proporcionando suporte emocional e prático aos pacientes.
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