O sono é um processo complexo e fundamental para a manutenção da saúde física e mental. Entre suas etapas, o sono REM (Rapid Eye Movement) se destaca por seu papel crucial na consolidação da memória, no equilíbrio emocional e no funcionamento cognitivo. Apesar de ser apenas uma das fases do ciclo do sono, o REM exerce impacto profundo na qualidade de vida e no bem-estar geral.

O que é o sono REM

O sono REM foi identificado na década de 1950, quando pesquisadores observaram que, em determinados momentos do sono, havia intensa atividade cerebral acompanhada de movimentos rápidos dos olhos sob as pálpebras fechadas. Essa fase é caracterizada por ondas cerebrais semelhantes às do estado de vigília, aumento do fluxo sanguíneo cerebral, maior atividade metabólica e atonia muscular quase completa, ou seja, o corpo fica praticamente paralisado enquanto o cérebro permanece altamente ativo.

Como o sono REM se encaixa no ciclo do sono

O sono humano se organiza em ciclos que duram aproximadamente 90 minutos, repetindo-se diversas vezes ao longo da noite. Cada ciclo alterna entre fases de sono não REM (NREM) e sono REM. No início da noite, predominam as fases mais profundas do NREM, importantes para a restauração física. Já nas últimas horas do sono, o REM ocupa intervalos cada vez maiores, chegando a durar até 40 minutos em cada ciclo.

Esse padrão demonstra que uma noite de sono interrompida precocemente pode reduzir drasticamente o tempo passado em REM, prejudicando especialmente as funções cognitivas e emocionais.

Funções cognitivas do sono REM

Diversos estudos apontam que o sono REM está intimamente ligado à consolidação da memória e ao aprendizado. Durante essa fase, informações adquiridas ao longo do dia são organizadas e integradas, facilitando tanto a retenção de conteúdos acadêmicos quanto a resolução de problemas complexos.

Outro aspecto relevante é a criatividade. O sono REM favorece associações inusitadas entre ideias e conceitos, contribuindo para insights e soluções inovadoras. Esse efeito se deve à intensa comunicação entre áreas cerebrais, em especial entre estruturas do sistema límbico e do córtex pré-frontal.

Sono REM e equilíbrio emocional

Além da cognição, o sono REM exerce papel protetivo sobre a saúde emocional. Pesquisas sugerem que, durante essa fase, o cérebro processa experiências emocionais, modulando respostas afetivas e reduzindo a intensidade de memórias dolorosas. Isso ajuda a explicar por que noites mal dormidas estão associadas a maior irritabilidade, ansiedade e dificuldade de regular emoções.

Pacientes com transtornos como depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) frequentemente apresentam alterações na arquitetura do sono REM, o que reforça sua ligação com a regulação do humor e do bem-estar psíquico.

Distúrbios relacionados ao sono REM

Alguns distúrbios específicos afetam essa fase do sono. O mais conhecido é o distúrbio comportamental do sono REM, em que a atonia muscular não ocorre adequadamente, levando a movimentos bruscos ou encenações de sonhos. Esse quadro pode estar associado a doenças neurodegenerativas, como o Parkinson.

Além disso, a privação crônica de sono ou hábitos de sono irregulares comprometem a quantidade e a qualidade do sono REM, aumentando o risco de déficits cognitivos, instabilidade emocional e até alterações metabólicas.

Estratégias para preservar o sono REM

Manter uma boa higiene do sono é fundamental para garantir ciclos saudáveis e preservar o tempo de sono REM. Algumas medidas eficazes incluem: estabelecer horários regulares para dormir e acordar, evitar consumo de cafeína ou álcool antes de dormir, reduzir a exposição a telas à noite e criar um ambiente adequado, silencioso e escuro para o descanso.

A prática regular de atividade física e a gestão do estresse também favorecem uma arquitetura de sono mais equilibrada, com ciclos de REM preservados.

Considerações finais

O sono REM é uma fase vital do sono, responsável por integrar memória, criatividade e regulação emocional. Alterações nessa etapa estão associadas a prejuízos cognitivos e ao agravamento de transtornos psiquiátricos. Por isso, investir em hábitos saudáveis de sono não é apenas uma questão de descanso, mas também uma forma de cuidar da mente, da saúde cerebral e do equilíbrio emocional.