Consumo excessivo de bebidas energéticas e os riscos para a saúde mental

Nos últimos anos, o mercado de bebidas energéticas cresceu exponencialmente no Brasil. Entre 2010 e 2020, a produção anual desses produtos passou de 63 milhões para 151 milhões de litros, e o consumo per capita aumentou de 300 ml para 710 ml. Inicialmente, essas bebidas tinham um caráter elitista e eram acessíveis apenas a uma parcela da população com maior poder aquisitivo. Com a chegada de marcas como Red Bull no início dos anos 2000, apoiadas por fortes campanhas de marketing, o cenário mudou: o consumo de energéticos se popularizou, se tornando uma alternativa comum para enfrentar a rotina cada vez mais intensa.

De acordo com a Scanntech, o volume de vendas de energéticos entre janeiro e agosto de 2024 aumentou em cerca de 15% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas indicam um crescimento contínuo e acentuado no consumo ao longo da última década. Segundo o psiquiatra Fernando Asbahr, coordenador do Ambulatório de Ansiedade na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da USP, esse aumento no consumo reflete uma tendência preocupante de uso excessivo de substâncias estimulantes, que podem impactar negativamente a saúde. “Para muitos jovens, o consumo de energéticos não é apenas recreativo, mas um recurso para aumentar a produtividade, como quando viram a noite estudando ou em profissões de alta demanda. Essa cultura de desempenho contribui para o consumo exagerado desses produtos”, observa Asbahr.

 

Consequências do consumo excessivo

O uso excessivo de energéticos pode provocar sérios problemas de saúde, incluindo transtornos psíquicos. Com altas concentrações de cafeína — substância estimulante em quantidades bem superiores às de um café comum — os energéticos podem causar danos ao sistema nervoso central quando consumidos de forma exagerada. A União Europeia, por exemplo, exige que bebidas com mais de 150 mg de cafeína por litro tragam advertências como “Alto teor de cafeína/Não recomendado para crianças, grávidas ou lactantes”, sinalizando o risco envolvido. Geralmente, essas bebidas contêm pelo menos 300 mg de cafeína por litro, enquanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que adultos não ultrapassem 400 mg diários dessa substância.

Estudos recentes apontam que o consumo elevado de energéticos está associado a sintomas como aumento da ansiedade, depressão e comportamentos de risco. Embora ainda não exista uma relação de causa direta, as evidências sugerem que o consumo excessivo desses produtos afeta a saúde mental, especialmente entre jovens. “A cafeína, como potente estimulante do sistema nervoso central, pode ter efeitos severos sobre o comportamento e a saúde mental quando abusada”, afirma Asbahr. Assim, é essencial que o consumo dessas bebidas seja feito com moderação, considerando os possíveis impactos na saúde mental e física.

 

Fonte: Jornal USP

 

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Autor

  • Alex Duarte

    Com formação em Psicologia pela Faculdade Ciências da Vida e Especialização em Neuropsicologia pela PUC Minas, possuo uma sólida experiência abrangendo diversas áreas, como Neuropsicologia, Psicologia Clínica, Psicologia em Saúde, Psicologia Social e Saúde Mental. Complementando minha formação, obtenho especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Faculdade Estácio de Sá, e em Psicologia em Saúde pelo Conselho Regional de Psicologia da 4ª Região. Minha experiência engloba o manejo de transtornos globais de desenvolvimento, transtornos de personalidade, estresse ocupacional, saúde coletiva e questões relacionadas à masculinidade e feminilidade. Com um foco claro em contribuir para o bem-estar e desenvolvimento das pessoas, busco aplicar meu conhecimento e experiência para fornecer suporte eficaz e compassivo em diferentes contextos e desafios psicológicos.

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