Norme, um jovem criador de conteúdo australiano de 19 anos, recentemente quebrou o recorde mundial de maior tempo sem dormir, permanecendo acordado por impressionantes 264 horas e 56 minutos, o equivalente a 11 dias consecutivos. A façanha foi transmitida ao vivo, mas não sem controvérsias e preocupações sobre os riscos envolvidos.
A jornada de Norme começou com o objetivo de desafiar os limites do corpo humano e superar o antigo recorde de 453 horas sem dormir, estabelecido em 1986 por Robert McDonald. No entanto, desde 1997, o Guinness World Records deixou de monitorar essa categoria devido aos perigos que ela representa para a saúde. Determinado, Norme decidiu continuar a busca pelo recorde, apesar das advertências.
Durante a transmissão ao vivo, Norme enfrentou diversos obstáculos. Após ser banido de plataformas populares como YouTube e Kick por violar diretrizes de segurança, ele migrou para o Rumble, onde continuou seu desafio. A situação se tornou ainda mais grave quando a polícia e ambulâncias foram chamadas para verificar seu estado de saúde, evidenciando os riscos extremos de sua tentativa.
O feito de Norme reacendeu o debate sobre os limites das transmissões ao vivo e até onde os criadores de conteúdo estão dispostos a ir em busca de fama e visibilidade. A maratona de vigília terminou com Norme prometendo retornar ao Twitch após uma recuperação adequada, mas levantou sérias questões sobre a responsabilidade das plataformas e a saúde mental e física dos influenciadores digitais.
Norme, que compartilhou detalhes de sua experiência nas redes sociais, afirmou que não usou estimulantes durante o desafio, destacando que outros recordes similares envolveram o uso de substâncias como cafeína. Um dos antigos dententores dos recordes, Randy Gardner, um estudante, que permaneceu acordado por 264 horas e 25 minutos em 1964, descreveu à época os efeitos de sua experiência como semelhantes aos de um “Alzheimer precoce”.
Embora Norme tenha concluído seu desafio sem incidentes graves, o impacto potencial de sua façanha sobre a saúde de outros criadores de conteúdo e espectadores é um ponto de preocupação. Sua tentativa de quebrar o recorde, apesar da ausência de reconhecimento oficial pelo Guinness, ilustra os perigos de tais desafios extremos e a necessidade de maior regulamentação nas plataformas de transmissão ao vivo.
Em meio às controvérsias, a história de Norme serve como um alerta sobre os limites que não devem ser ultrapassados em busca de reconhecimento online, destacando a importância de priorizar a saúde e o bem-estar acima de qualquer recorde.
Riscos Neuropsicológicos e Neurocientíficos da Privação Prolongada de Sono
A privação de sono prolongada, como a que Norme enfrentou ao tentar permanecer acordado por mais de 11 dias, apresenta sérios riscos à saúde mental e física, amplamente reconhecidos pelas áreas de neuropsicologia e neurociências. O sono é uma função biológica essencial para a recuperação e manutenção das funções cerebrais, e sua ausência por períodos prolongados pode ter consequências devastadoras.
Entre os riscos mais significativos está o comprometimento cognitivo, que afeta diretamente a memória, a atenção e a capacidade de tomar decisões. Quando uma pessoa fica muito tempo sem dormir, o cérebro tem dificuldades em formar novas memórias e em recuperar informações previamente armazenadas. Além disso, a atenção e a concentração são severamente prejudicadas, aumentando o risco de erros e acidentes.
A privação de sono também afeta a regulação emocional. O desequilíbrio nas áreas do cérebro responsáveis pelo controle das emoções, como a amígdala e o córtex pré-frontal, torna as pessoas mais suscetíveis à irritabilidade, ansiedade e depressão. Em casos extremos, a falta de sono pode desencadear episódios de paranoia e comportamentos psicóticos, como alucinações. Esses sintomas foram observados por um dos antigos dentetores do recorde, Randy Gardner, que, durante seu experimento em 1964, relatou experiências de alucinações e dificuldade em distinguir realidade de fantasia.
Além dos efeitos cognitivos e emocionais, a privação extrema de sono pode levar ao surgimento de problemas de saúde graves, como disfunções metabólicas, aumento da pressão arterial e comprometimento do sistema imunológico. A privação prolongada de sono também está associada a danos neuronais, com alguns estudos sugerindo que partes do cérebro podem entrar em uma espécie de “repouso local”, enquanto a pessoa ainda está acordada, comprometendo ainda mais a funcionalidade cerebral.
Esses riscos ilustram a importância do sono para a saúde global do indivíduo e alertam para os perigos de desafios extremos que envolvem a privação de sono. A tentativa de quebrar recordes relacionados ao tempo sem dormir, além de não ser recomendada, pode resultar em danos irreversíveis ao cérebro e ao corpo, destacando a necessidade de priorizar a saúde acima de qualquer feito extraordinário.
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Com formação em Psicologia pela Faculdade Ciências da Vida e Especialização em Neuropsicologia pela PUC Minas, possuo uma sólida experiência abrangendo diversas áreas, como Neuropsicologia, Psicologia Clínica, Psicologia em Saúde, Psicologia Social e Saúde Mental. Complementando minha formação, obtenho especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Faculdade Estácio de Sá, e em Psicologia em Saúde pelo Conselho Regional de Psicologia da 4ª Região. Minha experiência engloba o manejo de transtornos globais de desenvolvimento, transtornos de personalidade, estresse ocupacional, saúde coletiva e questões relacionadas à masculinidade e feminilidade. Com um foco claro em contribuir para o bem-estar e desenvolvimento das pessoas, busco aplicar meu conhecimento e experiência para fornecer suporte eficaz e compassivo em diferentes contextos e desafios psicológicos.
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