Demência Frontotemporal: Quando o Comportamento e a Personalidade São Afetados

A demência frontotemporal (DFT) é um grupo de doenças neurodegenerativas que afetam os lobos frontal e temporal do cérebro, regiões fundamentais para o controle do comportamento, da personalidade, da linguagem e da tomada de decisões. Diferente da doença de Alzheimer, que inicialmente compromete mais a memória, a DFT costuma se manifestar por meio de mudanças comportamentais e dificuldades na comunicação. Esse tipo de demência é menos comum, mas tem um impacto profundo na vida do paciente e de seus familiares, principalmente porque costuma surgir antes dos 65 anos.

 

Principais Manifestações da Demência Frontotemporal

Os sintomas da DFT variam conforme a área do cérebro mais afetada. Quando os lobos frontais são os mais comprometidos, as mudanças de comportamento são predominantes, enquanto o comprometimento dos lobos temporais pode levar a dificuldades na linguagem. Em muitos casos, ambos os aspectos estão presentes.

As alterações comportamentais incluem desinibição, impulsividade, apatia e perda da empatia. O paciente pode agir de maneira inadequada socialmente, dizer coisas ofensivas sem perceber o impacto ou perder o interesse em atividades que antes lhe eram prazerosas. Além disso, comportamentos repetitivos e compulsivos, como obsessão por determinados alimentos ou hábitos, também são comuns.

Já no comprometimento da linguagem, pode ocorrer dificuldade em encontrar palavras, problemas na construção de frases ou até a perda progressiva da capacidade de falar e compreender. Esses sintomas fazem parte do que é chamado de afasia progressiva primária, uma das variantes da DFT.

 

Causas e Fatores de Risco

A DFT está associada à degeneração de neurônios nas áreas frontal e temporal do cérebro, mas ainda não se sabe exatamente o que desencadeia esse processo. Em muitos casos, há um acúmulo anormal de proteínas, como a tau e a TDP-43, que contribuem para a morte neuronal.

Cerca de 30% dos casos de DFT têm origem genética, com mutações hereditárias identificadas em genes como C9orf72, MAPT e GRN. No entanto, a maioria dos casos ocorre de forma esporádica, sem um histórico familiar claro.

 

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da DFT é desafiador, pois os sintomas iniciais podem ser confundidos com transtornos psiquiátricos, como depressão, transtorno bipolar ou esquizofrenia. O processo diagnóstico envolve exames clínicos detalhados, testes neuropsicológicos e exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons (PET), para identificar a atrofia cerebral nas regiões afetadas.

Atualmente, não há cura para a DFT, mas o tratamento visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Medicamentos podem ser usados para reduzir a agressividade, a impulsividade e a ansiedade. Terapias comportamentais e ocupacionais ajudam na adaptação às dificuldades do dia a dia, e estratégias de comunicação podem ser aplicadas nos casos em que a linguagem está comprometida.

 

Impacto e Desafios para a Família

A progressão da DFT representa um grande desafio para os familiares e cuidadores, pois a mudança na personalidade e no comportamento pode ser difícil de lidar emocionalmente. A necessidade de assistência aumenta com o tempo, tornando essencial o suporte de uma equipe multidisciplinar e grupos de apoio para familiares.

 

Conclusão

A demência frontotemporal é uma doença neurodegenerativa complexa e debilitante, que afeta aspectos fundamentais da identidade e da interação social. Por ser menos conhecida do que o Alzheimer, seu diagnóstico pode ser tardio, atrasando as estratégias de manejo que poderiam melhorar a qualidade de vida do paciente. Pesquisas continuam sendo realizadas para entender melhor suas causas e desenvolver novos tratamentos. Até lá, o apoio familiar e terapêutico continua sendo essencial para enfrentar os desafios dessa condição.

 

 

Compatilhe esse artigo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *