Eletroconvulsoterapia: Entendendo o Tratamento e Seus Benefícios

A Eletroconvulsoterapia (ECT), também conhecida como eletrochoque, é um tratamento médico utilizado há décadas, principalmente em casos graves de transtornos mentais. Apesar do estigma associado ao método, ele tem se mostrado altamente eficaz e seguro, especialmente para pacientes que não respondem a tratamentos convencionais, como medicamentos ou psicoterapia.

A ECT envolve a aplicação de uma corrente elétrica controlada no cérebro, com o objetivo de induzir uma breve atividade convulsiva. O procedimento ocorre em ambiente hospitalar, com a supervisão de uma equipe médica especializada, garantindo a segurança e o bem-estar do paciente. É importante destacar que a ECT é realizada sob anestesia geral e com o uso de relaxantes musculares, o que torna o procedimento indolor e minimiza os riscos de lesões físicas.

 

Como Funciona a ECT?

O mecanismo exato pelo qual a ECT atua ainda não é completamente compreendido, mas estudos indicam que ela provoca alterações nos neurotransmissores cerebrais, como serotonina, dopamina e norepinefrina, que estão associados ao humor e à cognição. Essas alterações químicas parecem restaurar o equilíbrio cerebral, aliviando sintomas de depressão, mania ou psicose.

O tratamento é geralmente indicado para condições como depressão grave, transtorno bipolar com sintomas maníacos ou depressivos, esquizofrenia resistente ao tratamento, catatonia e, em alguns casos, ideação ou comportamento suicida que requer intervenção imediata. A ECT é particularmente eficaz em situações em que a intervenção rápida é essencial para preservar a vida do paciente.

 

O Processo da ECT

Antes do início do tratamento, o paciente passa por uma avaliação médica completa, incluindo exames laboratoriais, cardiológicos e psiquiátricos, para garantir que não haja contraindicações ao procedimento. Durante a sessão, que dura cerca de 10 a 15 minutos, o paciente recebe anestesia geral e um relaxante muscular. Eletrodos são colocados na cabeça, e uma corrente elétrica é aplicada para induzir a atividade convulsiva, que dura entre 20 e 60 segundos.

Após o procedimento, o paciente é monitorado enquanto recupera a consciência, o que geralmente ocorre em menos de 30 minutos. É comum que o paciente experimente confusão transitória ou leve perda de memória, que tende a desaparecer em algumas horas ou dias. O número de sessões varia conforme o caso, mas geralmente são realizadas duas a três vezes por semana, totalizando de 6 a 12 sessões.

 

Quem Pode Realizar a Eletroconvulsoterapia?

A Eletroconvulsoterapia (ECT) é um procedimento médico especializado que deve ser realizado exclusivamente por uma equipe multiprofissional, coordenada por médicos psiquiatras devidamente treinados e capacitados para o método. Esses profissionais possuem o conhecimento necessário para avaliar a indicação do tratamento, monitorar o paciente durante o procedimento e manejar possíveis efeitos colaterais.

Além do psiquiatra, o anestesiologista desempenha um papel crucial no processo. Ele é responsável por administrar a anestesia geral e os relaxantes musculares, garantindo que o paciente não sinta dor e que o procedimento ocorra de forma segura. Durante toda a sessão, o anestesiologista monitora os sinais vitais, como frequência cardíaca, pressão arterial e saturação de oxigênio, para evitar complicações.

Outros membros da equipe, como enfermeiros e técnicos especializados, também estão envolvidos. Eles auxiliam no preparo do paciente, no posicionamento adequado dos eletrodos e na supervisão pós-procedimento. Esse trabalho em equipe é essencial para garantir que a ECT seja realizada com a máxima segurança e eficiência.

É importante lembrar que o tratamento só deve ser realizado em ambientes hospitalares adequados, com estrutura e equipamentos que atendam às normas de segurança. Além disso, a decisão pela ECT deve ser baseada em uma avaliação clínica criteriosa e no consentimento informado do paciente ou de seus responsáveis legais, garantindo que todos os aspectos éticos e médicos sejam respeitados.

 

Eficácia e Segurança

A ECT é considerada um dos tratamentos mais eficazes para depressão grave, apresentando taxas de resposta que chegam a 70-90%. Essa eficácia é especialmente significativa em comparação com os antidepressivos, que podem levar semanas para apresentar resultados e não são eficazes em todos os pacientes.

No entanto, como qualquer procedimento médico, a ECT pode ter efeitos colaterais. Além da confusão transitória e da perda de memória já mencionadas, alguns pacientes podem relatar dores de cabeça ou musculares após a sessão. Complicações mais graves, como problemas cardiovasculares, são raras e geralmente evitáveis com uma triagem rigorosa antes do tratamento.

 

Superando o Estigma

Um dos maiores desafios relacionados à ECT é o estigma social que ainda cerca o procedimento. A imagem de um tratamento invasivo e brutal, perpetuada por filmes e histórias antigas, não reflete a realidade da prática moderna. Atualmente, a ECT é um procedimento seguro, regulamentado por diretrizes rigorosas e realizado por profissionais qualificados. A conscientização sobre seus benefícios e a desmistificação de preconceitos são fundamentais para garantir que mais pessoas possam se beneficiar desse tratamento.

 

Considerações Finais

A Eletroconvulsoterapia é uma ferramenta valiosa no arsenal da psiquiatria, especialmente para casos graves e refratários a outros tratamentos. Apesar de seus possíveis efeitos colaterais, os benefícios geralmente superam os riscos, proporcionando alívio significativo para pacientes que enfrentam condições debilitantes. Compreender a ECT como um procedimento seguro e eficaz pode ajudar a reduzir o estigma e ampliar o acesso a essa intervenção essencial.

 

 

Autor

  • Alex Duarte

    Com formação em Psicologia pela Faculdade Ciências da Vida e Especialização em Neuropsicologia pela PUC Minas, possuo uma sólida experiência abrangendo diversas áreas, como Neuropsicologia, Psicologia Clínica, Psicologia em Saúde, Psicologia Social e Saúde Mental. Complementando minha formação, obtenho especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Faculdade Estácio de Sá, e em Psicologia em Saúde pelo Conselho Regional de Psicologia da 4ª Região. Minha experiência engloba o manejo de transtornos globais de desenvolvimento, transtornos de personalidade, estresse ocupacional, saúde coletiva e questões relacionadas à masculinidade e feminilidade. Com um foco claro em contribuir para o bem-estar e desenvolvimento das pessoas, busco aplicar meu conhecimento e experiência para fornecer suporte eficaz e compassivo em diferentes contextos e desafios psicológicos.

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