A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que compromete os neurônios motores do cérebro e da medula espinhal. Ela leva à perda gradual da força muscular e, com o tempo, à paralisia. Apesar de seu impacto físico ser evidente, há aspectos cognitivos e comportamentais que também merecem atenção — e é nesse ponto que a avaliação neuropsicológica se torna essencial.
O que é a ELA?
A ELA é caracterizada pela degeneração dos neurônios motores superiores (no cérebro) e inferiores (na medula espinhal), responsáveis por enviar sinais aos músculos para controlar movimentos voluntários. A morte progressiva dessas células leva a sintomas como:
- Fraqueza muscular;
- Atrofia muscular;
- Dificuldades para falar, engolir e respirar;
- Câimbras e espasticidade.
A maioria dos casos ocorre de forma esporádica, mas há formas hereditárias (familiar) relacionadas a mutações genéticas. A doença geralmente se manifesta entre os 40 e 70 anos e sua progressão varia de pessoa para pessoa.
Aspectos cognitivos e comportamentais na ELA
Durante muito tempo, acreditou-se que a ELA afetava apenas a função motora. Hoje se sabe que, em cerca de 30% a 50% dos casos, há alterações cognitivas e/ou comportamentais — e até 15% dos pacientes desenvolvem uma demência frontotemporal (DFT).
As alterações mais comuns incluem:
- Dificuldades de planejamento e organização (funções executivas);
- Comprometimento da linguagem (principalmente fluência verbal);
- Alterações de comportamento (apatia, desinibição, impulsividade);
- Perda de empatia ou mudança na personalidade.
Esses comprometimentos podem interferir na adesão ao tratamento, na comunicação com a equipe médica e no bem-estar emocional dos pacientes e familiares.
A avaliação neuropsicológica na ELA
A avaliação neuropsicológica é uma ferramenta fundamental na investigação das funções cognitivas e comportamentais de pessoas com ELA. Ela permite:
- Identificar precocemente alterações cognitivas e comportamentais;
- Diferenciar sintomas da ELA de outros quadros neurológicos (como demências);
- Fornecer subsídios para decisões terapêuticas e adaptações na comunicação;
- Apoiar a família no manejo de mudanças de comportamento.
A bateria de avaliação deve ser adaptada às limitações motoras do paciente, priorizando instrumentos que não exijam respostas motoras complexas. Testes computadorizados, protocolos verbais e escalas observacionais são frequentemente utilizados.
Além disso, a avaliação deve ser integrada à equipe multidisciplinar, envolvendo neurologistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas, garantindo um plano de cuidados abrangente.
Considerações finais
A ELA é uma condição desafiadora, que vai além do comprometimento motor. A compreensão dos aspectos neuropsicológicos amplia o olhar sobre o paciente e permite intervenções mais eficazes, humanas e personalizadas. A atuação do neuropsicólogo, nesse contexto, é indispensável para garantir uma abordagem centrada na pessoa, respeitando sua história, seu funcionamento e suas possibilidades.