Jargonafasia: quando as palavras perdem o sentido

A jargonafasia é um distúrbio da linguagem que ocorre, geralmente, em decorrência de lesões cerebrais, especialmente em áreas relacionadas à linguagem, como o lobo temporal esquerdo. Trata-se de uma forma de afasia — ou seja, um comprometimento na capacidade de se comunicar — em que o paciente fala fluentemente, mas com palavras sem sentido ou neologismos (palavras inventadas), tornando o discurso incompreensível. A fala pode parecer estruturada em ritmo e entonação, mas o conteúdo semântico é desorganizado, dificultando a compreensão tanto para o interlocutor quanto, em muitos casos, para o próprio paciente.

Esse quadro é mais comum em formas severas de afasia de Wernicke, uma condição neurológica causada por lesões na área de Wernicke, região responsável pela compreensão da linguagem. Embora a jargonafasia permita a produção da fala, ela compromete profundamente a comunicação, pois há uma substituição de palavras reais por outras inexistentes, ou então ocorre a utilização de palavras reais em contextos sem lógica.

Na jargonafasia, não é incomum que o indivíduo desconheça que sua fala está desconectada da realidade linguística. Isso acontece porque o sistema de monitoramento da linguagem interna também está comprometido, o que dificulta a autocorreção. Essa característica a diferencia de outras formas de afasia, em que o paciente percebe seus erros e tenta corrigi-los.

O tratamento da jargonafasia envolve uma abordagem multidisciplinar, com destaque para a atuação do fonoaudiólogo e do neurologista. O processo terapêutico busca reorganizar a linguagem e desenvolver estratégias alternativas de comunicação. A neuroplasticidade — capacidade do cérebro de se reorganizar — pode ser um aliado importante, especialmente quando o tratamento é iniciado precocemente após o dano cerebral.

A jargonafasia é um exemplo impactante de como o cérebro humano processa a linguagem e de como uma lesão pode desconectar forma e sentido. Ela desafia familiares e profissionais de saúde, exigindo empatia, paciência e conhecimento técnico para lidar com suas manifestações e buscar uma reabilitação funcional que traga mais qualidade de vida ao paciente.

 

 

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