Para Sempre Alice (2014): Reflexões Sobre Saúde Mental, Envelhecimento e Alzheimer

O filme Para Sempre Alice (Still Alice, 2014), dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland, aborda com sensibilidade e profundidade a luta de Alice Howland (interpretada por Julianne Moore), uma renomada professora de linguística, contra o Alzheimer de início precoce. Baseado no livro homônimo de Lisa Genova, o longa explora os impactos da doença na identidade, nos relacionamentos familiares e na resiliência frente ao declínio cognitivo.

 

O Transtorno Apresentado pela Protagonista

Alice é diagnosticada com Alzheimer de início precoce, uma forma rara da doença que afeta pessoas abaixo dos 65 anos. Diferentemente do Alzheimer mais comum, que está associado ao envelhecimento, o início precoce tem forte componente genético. Os sintomas, como esquecimentos frequentes, desorientação espacial e dificuldades linguísticas, surgem de forma inesperada e afetam profundamente a vida pessoal e profissional da protagonista.

 

Impactos na Saúde Mental

O diagnóstico transforma a vida de Alice e de sua família. O filme destaca:

A angústia inicial: Alice enfrenta o medo de perder sua identidade e a capacidade de se comunicar, algo essencial em sua carreira.

A resiliência: Apesar das limitações, Alice busca estratégias para lidar com os desafios, como jogos de memória e gravações pessoais.

A relação com a família: O filme explora os diferentes modos como cada membro lida com a situação, desde a aceitação até a negação e o afastamento.

 

Processos do Envelhecimento e Reflexões

Embora Alice não esteja na faixa etária típica do Alzheimer, o filme ressalta questões universais relacionadas ao envelhecimento, como o medo da perda de autonomia e a importância de preservar a dignidade. Ele também traz à tona o estigma associado às doenças neurodegenerativas, incentivando debates sobre empatia e cuidado.

 

Reserva Cognitiva: Um Aliado na Luta Contra o Declínio

Um tema implícito no filme é o conceito de reserva cognitiva. Alice, por ser uma intelectual e acadêmica, demonstra maior capacidade de encontrar formas de lidar com os sintomas iniciais. A reserva cognitiva refere-se à capacidade do cérebro de compensar os danos neurológicos por meio de conexões alternativas, frequentemente fortalecidas por educação, leitura, habilidades profissionais e atividades cognitivamente estimulantes.

Estudos sugerem que uma reserva cognitiva robusta pode retardar o impacto de doenças como o Alzheimer, oferecendo uma proteção parcial contra os sintomas, embora não impeça o avanço da doença.

Para Sempre Alice (2014)

Lições do Filme

Para Sempre Alice é um lembrete poderoso da importância de cuidar da saúde mental e de promover o diálogo sobre condições neurodegenerativas. A obra incentiva:

Empatia: Compreender os desafios enfrentados por quem vive com Alzheimer.

Prevenção: Investir em hábitos saudáveis, como aprendizado contínuo, exercícios físicos e sociais, para fortalecer a reserva cognitiva.

Conscientização: O filme reforça a necessidade de diagnósticos precoces e suporte emocional para pacientes e familiares.

 

Conclusão

O impacto de Para Sempre Alice vai além do entretenimento, servindo como ferramenta educativa e de sensibilização sobre os desafios do Alzheimer e os processos do envelhecimento. A história de Alice é uma homenagem à força do ser humano diante das adversidades e um chamado para valorizar a mente, os laços familiares e as memórias que moldam quem somos.

 

 

Autor

  • Alex Duarte

    Com formação em Psicologia pela Faculdade Ciências da Vida e Especialização em Neuropsicologia pela PUC Minas, possuo uma sólida experiência abrangendo diversas áreas, como Neuropsicologia, Psicologia Clínica, Psicologia em Saúde, Psicologia Social e Saúde Mental. Complementando minha formação, obtenho especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Faculdade Estácio de Sá, e em Psicologia em Saúde pelo Conselho Regional de Psicologia da 4ª Região. Minha experiência engloba o manejo de transtornos globais de desenvolvimento, transtornos de personalidade, estresse ocupacional, saúde coletiva e questões relacionadas à masculinidade e feminilidade. Com um foco claro em contribuir para o bem-estar e desenvolvimento das pessoas, busco aplicar meu conhecimento e experiência para fornecer suporte eficaz e compassivo em diferentes contextos e desafios psicológicos.

    Ver todos os posts

Compatilhe esse artigo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *