A regressão no autismo é um fenômeno no qual crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) perdem habilidades previamente adquiridas, como linguagem, interação social ou até mesmo habilidades motoras. Esse quadro pode ser angustiante para pais e cuidadores, especialmente porque, em muitos casos, a criança apresentava um desenvolvimento aparentemente normal antes da regressão. Compreender esse fenômeno é essencial para o diagnóstico precoce e o planejamento de intervenções adequadas.
O Que é a Regressão no Autismo?
A regressão no autismo refere-se à perda de habilidades previamente adquiridas, geralmente ocorrendo entre 1 e 3 anos de idade. Algumas crianças que antes falavam palavras isoladas podem parar de se comunicar verbalmente; outras, que demonstravam interesse social, tornam-se mais retraídas. Essa perda pode ser gradual ou súbita, e muitas vezes os pais percebem que a criança passa a evitar contato visual, torna-se menos responsiva ou apresenta mudanças bruscas no comportamento.
Essa regressão pode ser parcial, afetando apenas algumas áreas do desenvolvimento, ou global, impactando várias habilidades simultaneamente. Em alguns casos, há também um aumento em comportamentos repetitivos e dificuldades sensoriais, características comuns do autismo.
Possíveis Causas e Mecanismos Neurológicos
Ainda não há uma explicação definitiva para o motivo da regressão em algumas crianças autistas, mas diversas hipóteses têm sido estudadas. Uma delas envolve processos neurobiológicos que afetam a conectividade cerebral e a maturação das redes neurais, prejudicando o desenvolvimento da linguagem e da interação social.
Outra teoria sugere que fatores imunológicos e inflamatórios podem estar envolvidos, com algumas pesquisas apontando um possível papel da neuroinflamação e da disfunção mitocondrial. Além disso, há estudos que exploram a possibilidade de que crianças autistas que experimentam regressão tenham uma vulnerabilidade genética que as torna mais suscetíveis a esses processos.
Diagnóstico e Abordagens Terapêuticas
O diagnóstico da regressão no autismo exige uma avaliação detalhada por profissionais especializados, como neurologistas, psiquiatras e neuropsicólogos. A observação clínica e o relato dos pais são essenciais para entender quando e como ocorreu a perda de habilidades.
Embora a regressão possa ser preocupante, intervenções precoces podem ajudar a recuperar ou compensar habilidades perdidas. Terapias comportamentais, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), fonoaudiologia e terapia ocupacional, são frequentemente recomendadas para estimular o desenvolvimento da linguagem, da interação social e da comunicação alternativa.
Apesar de a recuperação variar de criança para criança, a neuroplasticidade do cérebro infantil permite que, com estratégias adequadas e suporte contínuo, muitas crianças readquiram ou desenvolvam novas formas de comunicação e interação. O mais importante é o acompanhamento especializado e o suporte familiar para garantir o melhor desenvolvimento possível.